Por Érika Rocha
– Uma ação do Instituto Federal da Bahia (IFBA) em Porto Seguro completa seu décimo aniversário este ano com o objetivo de incentivar as pessoas da cidade a praticarem a sustentabilidade e o descarte correto de resíduos sólidos. Neste ano de 2024, a equipe do projeto “Cidadania e Educação Ambiental: Ecopontos em Ambientes Educacionais” está repassando à Associação Baiana de Empreendedorismo Cultural (ABEC) parte dos materiais coletados nos ecopontos para a que a entidade possa vendê-los.
De acordo com o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, de 2017, Porto Seguro é uma cidade que apresenta grande produção de resíduos: em média, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), são 72 mil toneladas anuais de resíduos domiciliares, comerciais e produtos resultantes da limpeza de vias públicas, um volume que é intensificado principalmente durante as altas temporadas, com o aumento do número de turistas na cidade.
Até março de 2023, os resíduos eram coletados e descartados no aterro sanitário municipal, localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Buranhém, a aproximadamente 17 quilômetros da costa, na BR-367, sentido Eunápolis. Após anos de investigação do Ministério Público Federal, que apontou irregularidades, danos ambientais e o não cumprimento das normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o aterro foi desativado. O descarte dos resíduos coletados na cidade agora é realizado em um aterro sanitário privado no distrito de Pindorama.
Para a coordenadora do projeto do IFBA, Eladyr Boaventura Raykil, apesar da decisão judicial de desativar o lixão, Porto Seguro ainda não possui uma política correta de coleta e destinação final de resíduos. Ela explica a importância do projeto dos Ecopontos para a cidade: “Porto Seguro possui mais de 100 escolas municipais, várias escolas estaduais, institutos federais e universidades, além de uma infinidade de instituições privadas. Se cada uma fosse um ponto de entrega voluntária, e a gestão pública coletasse e encaminhasse para a cooperativa de catadores de Porto Seguro, a realidade ambiental seria bem diferente da situação atual.”
Podem ser descartados nos ecopontos do campus IFBA os seguintes materiais: eletrônicos,embalagens plásticas de cosméticos e produtos de limpeza, resíduos têxteis,bijuterias e acessórios, óleo residual de fritura, lacres de alumínio, papel, livros e revistas, esponjas de limpeza, embalagens tetra pak e Instrumentos de escrita.
Parte do material será reaproveitado nas oficinas de manualidades ofertadas pelo Núcleo de Arte e Cultura (NAC) do IFBA. Para Raykil, esse é um momento de interação comunitária e proporciona um novo olhar sobre os materiais que antes eram vistos apenas como lixo: ”Nas oficinas de manualidades, fazemos a socialização de técnicas de reaproveitamento dos resíduos, atreladas ao resgate e à valorização dos saberes e fazeres de nossos antepassados, a exemplo da técnica do fuxico, elaboração de adereços afro e objetos decorativos”.
Texto atualizado em 02/11 – diferente do que fora apontado anteriormente, o projeto repassa parte dos materiais coletados e não a renda obtida com sua venda para entidades parceiras.
