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Pesquisador discute o “privilégio branco” na universidade

Por Carla Marisa

– Uma pesquisa em Ensino e Relações Étnico-Raciais realizada na Universidade Federal do Sul da Bahia faz um alerta: apesar das recentes mudanças no ensino superior do país, com as cotas, as universidades continuam sendo palco do chamado “privilégio branco”.

“Meu objetivo foi expor esses privilégios estruturais e incentivar um debate mais profundo e contínuo sobre equidade racial na universidade”, aponta o professor Arthur Luhr Mello, que realizou seu estudo a partir de entrevistas com docentes e discentes e também relatos de situações ligadas à própria vivência do autor na universidade.

Durante seu estudo, concluído em 2022, Arthur conta que entrevistou diversos professores da UFSB e analisou currículos de cursos de licenciatura. “Ainda se utilizam muito poucos autores negros nas ementas dos cursos, perpetuando uma lógica institucional que favorece a branquitude”, comenta ele.

Além disso, Arthur também relata casos em que estudantes tentaram fraudar o sistema de cotas na UFSB, inclusive com o envolvimento de servidores da universidade: “Houve situações de alunos brancos se passando por pardos ou negros para acessar as vagas destinadas às cotas raciais, o que revela um silêncio confortável e conivente dentro da instituição”.

Diversas denúncias têm sido registradas na UFSB sobre esse tipo de situação. Em função disso, a partir de 2018, a universidade tornou obrigatório que os candidatos autodeclarados negros passem por bancas de heteroidentificação antes de aceitar suas matrículas.

Segundo o estudo de Mello, há uma persistência do “pacto narcísico da branquitude” dentro da universidade. Esse conceito, criado pela psicanalista Maria Aparecida Bento, refere-se ao que seria um acordo implícito entre pessoas brancas de ignorar ou minimizar os privilégios raciais de que desfrutam, perpetuando a supremacia branca e silenciando vozes negras. “Mesmo com as políticas de cotas, cursos de alta concorrência, como Medicina e Direito ainda são majoritariamente ocupados por alunos brancos”, diz Mello.

O estudo  não apenas critica a estrutura vigente, mas também propõe ações concretas, como a criação de um componente curricular específico sobre ¨branquitude¨ na UFSB.

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